Sistema Imunológico (N. 190 do Painel de 599 Blogs do Dr. Paim) - Jornal O Porta-Voz
segunda-feira, 27 de abril de 2020
Covid-19: o verdadeiro papel do sistema imunológico no ataque à doença Em entrevista exclusiva, o jornalista e escritor Matt Richtel, do 'NYT', esclarece mitos, como a crença que precisamos melhorar o sistema de defesa Por Giulia Vidale - Atualizado em 27 abr 2020, 17h16 - Publicado em 27 abr 2020, 13h44 Sistema imunológico Sistema imunológico Thinkstock/VEJA/VEJA Desde o início da pandemia do novo coronavírus um sistema do nosso corpo tem ganhado importância: o sistema imunológico. Aposto que antes disso você apenas lembrava dele – se lembrasse – quando ficava doente. Ou talvez nem assim. Agora, fala-se dele para explicar por que a maior parte do mundo é suscetível ao novo coronavírus, por que o desenvolvimento de uma vacina é crucial para acabar com a pandemia e por que muitos pacientes têm seu quadro agravado por uma reação exagerada de seus próprio sistema imunológico ao vírus – as chamadas tempestades de citocinas. Mas, afinal, o que é o sistema imunológico? É justamente isso o que o jornalista do The New York Times e escritor Matt Richtel busca desvendar no livro Imune – A extraordinária história de como o organismo se defende das doenças (400 páginas, editora HarperCollins). Por meio da história de vida de quatro personagens – Jason, que é curado de um câncer graças a uma terapia que interfere em seu sistema imunológico; Bob que tem um dos sistemas imunológicos mais inusitados do mundo; e Linda e Merredith, que sofre as consequências de um sistema imunológico hiperativo -, autor explica de forma simples e didática aspectos fascinantes protagonizados por genes e células do organismo. Richtel, que ganhou um prêmio Pulitzer, aproveita a obra para esclarecer alguns mitos, como a ideia de que os sistema imunológico é como um exército preparado para derrotar qualquer ameaça e fazer com que a gente viva eternamente. Ou que devemos “turbinar” o nosso sistema imunológico para combater inimigos ao nosso organismo. Em entrevista exclusiva a VEJA, o jornalista explica como o nosso sistema imunológico reage a um vírus e por que de tempos em tempos surgem agentes patogênicos incontroláveis como o coronavírus. Spoiler: segundo ele, isso se tornará cada vez mais comum. Confira abaixo a entrevista: CONTINUA APÓS PUBLICIDADE O interesse da ciência pelo sistema sistema imunológico aumentou nas últimas décadas? Nós aprendemos muito sobre o sistema imunológico e a maior parte desse conhecimento veio muito tarde na história. É muito interessante que a gente tenha demorado para aprender tanto sobre algo tão importante. Por exemplo, nós sabíamos muito mais sobre áreas da ciência que não são tão importantes para a nossa sobrevivência quanto o sistema imunológico. Mas há uma boa razão para isso e é porque tudo acontece a nível molecular. Nós não conseguíamos ver o que acontecia porque não era algo visível para nós. Então a maior parte do aprendizado sobre esse sistema só foi possível há pouco tempo. Saiba logo no início da manhã as notícias mais importantes sobre a pandemia do coronavirus e seus desdobramentos. Inscreva-se aqui para receber a nossa newsletter Com a pandemia de coronavírus, surgem “receitas” para turbinar o sistema imunológico e se proteger melhor. Por que isso não é uma boa ideia? Acho que uma das coisas mais importantes que aprendemos sobre o sistema imunológico é que ele precisa de equilíbrio. Essa é a chave. No início, eu não entendia isso. Eu queria ter um sistema imunológico super poderoso que fosse capaz de esmagar qualquer invasor. Mas não é assim que funciona. Ele funciona tentando descobrir quem é o inimigo, quem é o amigo, com o que pode cooperar e o que deve destruir. Eu penso nisso como uma relação entre um segurança e uma bailarina. Um cara grande e durão e uma dançarina de balé profunda e graciosa que anda o mais leve possível na ponta dos pés e diz: ‘é aqui que devemos atacar’. ‘É aqui que devemos parar ou nos retirar’. ‘É aqui que devemos dar uma pirueta’. E essa é realmente a grande ideia conceitual que a ciência entendeu. Um dos desafios para os seres humanos agora é encontrar as melhores maneiras de manter esse equilíbrio. Qual é o melhor jeito de fazer isso? Acho que existem quatro formas e cada uma delas requer um pouco de explicação científica. São elas: manter níveis baixos de estresse, dormir bem, praticar atividade física moderada ou intensamente e ter uma alimentação equilibrada. A questão do sono, do estresse e da atividade física estão fortemente associadas. Quando você está com muita adrenalina, como em um estado de luta ou fuga, como se você estivesse sendo perseguido por um leão, isso pode causar uma queda na sua resposta imunológica. Por que isso acontece? Porque se você está sendo perseguido por um leão, o resfriado pode esperar. Evolutivamente, não é algo tão importante para o seu corpo se preocupar naquele momento. Na vida moderna, em diversas ocasiões nós nos comportamos como se estivéssemos sendo perseguidos por um leão, mas não há leão. Se seu parceiro fica bravo com você, isso não é o mesmo que um leão. Se você perde um prazo ou tem medo, não é o mesmo que um leão. Se você está preso no trânsito, não é o mesmo que um leão. Mas quando vemos isso como uma ameaça, nossa adrenalina aumenta – como se estivéssemos sendo perseguidos por um leão – e nosso sistema imunológico pode diminuir. O mesmo acontece com o sono. Se você não dorme o suficiente, mesmo em um dia ou dois, seu sist
ema imunológico pode perder o equilíbrio e isso pode torná-lo mais vulnerável a vírus e bactérias.
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